segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

FERNANDOCOELHO PSICOPOÉTICA




Por Fernando Coelho
Abre-se a manhã em minha casa com versos de alvenaria. 
Te vejo dançando, emoldurada em teu corpo doce de perplexidade. 
Meu tempo, seja onde for, espana-se nesta largueza do dia assustado de demoradas claridades. 
Meu tempo não há. 
Meu dia não é agora. Minha noite não é escura. 
Pereço os instintos em tua saudade fora da janela cheia de paisagens aflitas. 
Mais um instante, mais um perfume rarefeito no que não me dizes mais. 
Apenas um sopro de estrela mergulhando em algum espasmo, perdido, no espaço que sou. 
Não há mesmo tempo em mim. 
Curvo-me ao ímpeto de estar, sem nada, em observação, a mirar o tempo de tanto amor, retomando, daqui e dali, os segundos cheios de teus olhos. 
Admiro, ao longe, a infinita espera de nunca ser, nem ter, nem fugir.

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