sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

JOÃOMENDONÇA PSICOPOÉTICA 27117



Um dia viro hippie. Ou talvez quase idêntico a um. Escovei os dentes com uma pasta tão branquinha quanto as nuvens. No almoço comi uma salada colorida igual a todas as variedades de plantas do jardim.

Subo no alto do prédio e vejo todas as pessoas andando pelas ruas lotadas, andando em direção aos mesmos lugares, andando ao lado uma das outras sem se olharem nem se perceberem. Andando juntas numa marcha silenciosa para resolver seus vários insolúveis problemas diários.

Vejo o sol exigindo a todos um merecido descanso, mas o semáforo continua vermelho e nunca muda de cor. Acordo cedo para dar tempo suficiente de me arrumar direito e de forma bem convincente ao julgamento do outro que mal me olha.

Coloco a sunga escondida, meu terno de linho e minha gravata azul e me despeço. Vou ser um espantalho tradicional aonde os pássaros vêm cantar nos meus braços permanentemente abertos no meio do mato.

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