quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

JOÃOMENDONÇA POÉTICA 11.1.17










O pião se cansa de girar sem sentido. Engana-se quem acredita que o pião desgosta do trabalho. Ele frustra-se apenas por girar sem ter um objetivo pessoal e sedutor. Tudo bem, se é pra girar assim mesmo que seja dessa forma. E de maneira indisposta seu giro se repete, dia a dia, até o término de cada jornada. Conforma-se do cansaço e duvida se gira realmente para onde gostaria de estar indo.
Envolto em dilemas existenciais se vai de fato ao porto seguro de seus sonhos, o pião geralmente prefere deixar os pensamentos se diluírem nos bares e em outros entretenimentos. Esquece de si mesmo ao embriagar-se numa fuga controlada sobre o real sentido da vida. Sabe somente que o colorido dos seus tons lhe alertam que as cores que o compõem se desfigurarão lá na frente do seu futuro. 
De tempos em tempos o pião olha fixamente para o céu escuro pontilhado com pequenas luzes vivas das estrelas mortas. Olha com olhar que busca o que não sabe o que é. E a reunião de astros lhe exorta para a aventura do risco. Mas a astrologia não está nos mapas do seu monótono cotidiano e rendido assiste a repetição que já o hipnotizou tanto que nem vislumbra o lugar em que desejaria estar.

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