quinta-feira, 20 de outubro de 2016

JOÃOMENDONÇA POÉTICA 211016



João Mendonça
12 h
Lamento os erros de todos os atos que pratiquei por completa ignorância. Assim como lamento aqueles os quais surgiram dos encontros que de forma alguma premeditei. Sobre esses a culpa são dos deuses bêbados que brincam livres de mexer na ordem morta do cotidiano com seus dedos trêmulos.
Foi dessa maneira que entrei no forró autêntico porque um amigo solitário quis fazer uma presença inesperada comprando os ingressos no dia errado, na festa errada, na noite errada e de repente fiquei inserido na mágica dos olhos duplos que procuram em vão exatamente as mesmas coisas há tanto tempo. E eu vi.
Vi lá de longe um vestido branco compondo cabelos pretos soltos no ar leve e terno da mais completa introspecção. Das paredes marrons surgiram então fortes quadros pintados por artistas sem nome e sem talento algum cujos brilhos desapareceram totalmente do alcance de qualquer tentativa de fruição.
As músicas tocavam baixo e alto, perto e longe, e timidamente me aproximei da armadilha letal que furou as caixas de som espalhadas no salão. E ao interagir me dei conta pela primeira vez que o coração é um buraco tão grande que não cabe nada além daquilo que possui tamanho muito maior que o necessário para ampliá-lo.

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